segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Estava morto e não sabia

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Almada Negreiros, A sesta, 1939. Carvão s/papel.
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Deixa-me reinar em ti
o tempo apenas de um relâmpago
a incendiar a erva seca dos cumes.
E se tiver que montar guarda,
que seja em redor do teu sono,
num êxtase de lábios sobre a relva,
num delírio de beijos sobre o ventre,
num assombro de dedos sob a roupa.
Eu estava morto e não sabia, sabes,
que há um tempo dentro deste tempo
para renascermos com os corais
e sermos eternos na sofreguidão de um instante.
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José Jorge Letria, "A sofreguidão de um instante", in Variantes do Oiro.
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