domingo, 28 de fevereiro de 2010

Paisagem urbana

.
José Júlio, Paisagem, 1958. Óleo s/ tela.
.
.
...
Entre os edifícios a acácia
de antigamente ainda ousa
trazer ao cimo a folhagem
sua dor de apertada coisa.
.
Um solo de saxofone excresce
mensagem que a morte adia
aflito pássaro que enrouquece
a garganta da telefonia.
.
Em cada bolso do cimento
uma lenta aranha de gás
manipula o dividendo
de um suicídio lilás.
.
.
Natália Correia, "Cidadania", in O Vinho e a Lira.
.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Nas mãos dos ventos

.
Sarah Afonso, A Sereia, 1939. Óleo s/ tela, 103 x 86cm.
.
.
...
No mar, no mar, no mar, no mar,
Eh! pôr no mar, ao vento, às vagas,
A minha vida!
Salgar de espuma arremessada pelos ventos
Meu paladar das grandes viagens.
Fustigar de água chicoteante as carnes da minha aventura,
Repassar de frios oceânicos os ossos da minha existência,
Flagelar, cortar, engelhar de ventos, de espumas, de sóis,
Meu ser ciclônico e atlântico,
Meus nervos postos como enxárcias,
Lira nas mãos dos ventos!
...
.
.
Álvaro de Campos, "Ode Marítima", in Poemas.
.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Em cada dia regressas

.
Carlos Botelho, Lisboa e o Tejo, Domingo, 1935.
Óleo s/ tela, 71 x 100cm.
.
.
Em cada esquina te vais
Em cada esquina te vejo
Esta é a cidade que tem
Teu nome escrito no cais
A cidade onde desenho
Teu rosto com sol e Tejo
...
Esta e a cidade onde estás
Como quem não volta mais
Tão dentro de mim tão que
Nunca ninguém por ninguém
Em cada dia regressas
Em cada dia te vais
...
.
.
Manuel Alegre, "Balada de Lisboa", in Babilónia.
.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Não há outro caminho

.
Amadeo de Souza-Cardoso, Entrada, 1917.
Óleo s/ tela 93,5 x 76cm.
.
.
Nada
.
nem o branco fogo do trigo
nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros
te dirão a palavra
.
Não interrogues não perguntes
entre a razão e a turbulência da neve
não há diferença
.
Não colecciones dejectos o teu destino és tu
.
Despe-te
não há outro caminho
.
.
Eugénio de Andrade, "Sobre o caminho", in Véspera da Água.
.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Hoje é o dia certo

.
.
«Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro chama-se amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.»
.
.
[Autor: Dalai Lama]
.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Holocausto de Hollywood

.
.
En la actualidad, la memoria colectiva está siendo sustituida por la reconstrucción que las imágenes del cine y la televisión nos ofrecen del pasado. El Holocausto resulta un ejemplo palmario de que algunos acontecimientos históricos difícilmente pueden situarse ya fuera del imaginario construido por los medios de la cultura de masas fundamentalmente estadounidenses. El denominado «Holocausto de Hollywood», ejemplificado en la película La Lista de Schindler, supone la erosión progresiva del discurso generado por los historiadores profesionales desde hace décadas. Este interés de los medios por el Holocausto entraña dos peligros: la banalización exhibicionista del horror y la posible identificación con los verdugos.
.
.
Alvaro Lozano (2010). El Holocausto y la cultura de masas. Barcelona: Melusina.
.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Como ganar amigos

.
.
Dale Carnegie escribió este libro con el propósito de ser un suplemento a su curso sobre oratoria y relaciones humanas y nunca se imagino que se convertiría en el mayor bestselleres y que la gente lo leería, lo criticaría y viviría según sus reglas. En la elaboración de este libro comenzó al principio con una serie de reglas que poco a poco se fueron extendiendo hasta formar este libro. Entrevisto a veintenas de personas para poder así tomar ejemplos de la vida entre esas personas están: Edison, Franklin D. Rooselvelt, James Farley entre otros y así tomar sus ejemplos de cómo fueron hombres de éxito.
.
.
Dale Carnegie (2008). Como ganar amigos e influir sobre las personas. Madrid: Elipse.
.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Birlibriloque narrativo

.
.
Esta novela está considerada una de las obras maestras de la narrativa del siglo XX y quien se adentre en ella se encontrará con el maravilloso mundo de Flann O’Brien... Es literatura en estado puro. Una sátira, una comedia, una farsa, un truco de magia... Es difícil intentar describir lo que es esta novela de novelas de novelas de novelas... O’Brien juega con el lector y con la literatura, asume su condición (como escritor) de creador de verdades, de mago que convierte lo irreal en real, la mentira en verdad, lo falso en auténtico, lo novelado en verdadero, para confundirnos en su papel de dios sobre lo creado, lo muerto, lo contado y lo callado.
.
.
Flann O´Brien (2010). En nadar dos pajaros. Madrid: Nordica.
.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fui sabendo de mim

.
Noronha da Costa, She. Serigrafia, 65 x 54cm.
.
.
Fui sabendo de mim
por aquilo que perdia
.
pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia
.
fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei
...
.
.
Mia Couto, "Fui sabendo de mim", in Raiz de Orvalho e Outros Poemas.
.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Intimidade

.
Paula Rêgo, Self portrait in red, 1962.
[Óleo lapis de cera e colagem de papel s/ tela.]
.
.
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
.
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
.
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
.
.
José Saramago, "Intimidade", in Os Poemas Possíveis.
.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Wild side

.
Sri Debi, A walk on the wild side, 2007.
Oil on RayMar Panel, 11" x 14".
.
...
She says,
Hey babe
Take a walk on the wild side
Hey honey
Take a walk on the wild side
...
Doo do doo do doo do do doo...
.
.
Lou Reed, Walk On The Wild Side.
.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

L´age d´or

. Anne Bachelier, Conversation on the water, 2007.
Oil on canvas, 39" x 39".
.
.
...
Nous aurons la mer
A deux pas de l'étoile.
Les jours de grand vent,
Nous aurons l'hiver
Avec une cigale
Dans ses cheveux blancs.
Nous aurons l'amour
Dedans tous nos problèmes
Et tous les discours
Finiront par "je t'aime"
Vienne, vienne alors,
Vienne l'AGE D'OR.
.
.
Léo Ferré, L'age d'or.
.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Una vida emocionalmente ecológica

.
.
Corazón que siente, ojos que ven es una llamada de atención y un desafío. Nos invita a reflexionar y a preguntarnos si estamos amando, creando y, en definitiva, viviendo lo suficiente. De nosotros depende que haya vida antes de la muerte. En esta obra, los autores nos enseñan a utilizar nuestras energías renovables, sostenibles y limpias y a evitar todas aquellas emociones que puedan resultar contaminantes o tóxicas. Sólo así podremos gozar de nuestras 650000 horas y... ¡vivir!
.
.
Jaume Soler; Merce Conangla (2010). Corazón que siente, ojos que ven: 650000 horas para gozar de una vida emocionalmente ecologica. Barcelona: Planeta.
.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

La desintegración de los modelos amorosos

.
.
Ateniéndose a las tesis situacionistas, desde Debord a Baudrillard, sobre la construcción de la hiperrealidad, Lucía Etxebarria ha escrito muchas novelas en una: un thriller trepidante, un análisis de la desintegración de los modelos amorosos y relacionales de hoy en día, una aguda sátira social…
.
.
Lucia Etxebarria (2010). Lo verdadero es un instante de lo falso. Madrid: Suma.
.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Los grandes hombres también hablan de amor

.
.
El libro perfecto para descubrir el lado más humano y poco conocido de personajes célebres. Los grandes hombres también hablan de amor reúne una colección de cartas de amor de treinta y ocho hombres célebres (personajes históricos, escritores y compositores) a diferentes mujeres de las que estuvieron enamorados (amantes, esposas, prometidas, amores imposibles). En todos los casos se trata de entre una y cuatro cartas a una o más destinatarias en las que se muestra el aspecto más desconocido de los autores: inseguridad, celos, ternura, mal carácter, etc. Entre los autores de las misivas cabe destacar: Henry VIII, Wolfang Amadeus Mozart, Denis Diderot, Napoleón Bonaparte, Ludwig van Beethoven, Lord Byron, Honoré Balzac, Victor Hugo, Charles Darwin, Gustave Flaubert y Oscar Wilde.
.
.
Ursula Douyle (2010). Los grandes hombres también hablan de amor. Barcelona: Emece.
.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Confesso

.
Jean-Claude Gaugy, All Things Being Equal, 2006.
Mixed media on hand carved wood, 48" x 48".
.
.
De um e outro lado do que sou,
da luz e da obscuridade,
do ouro e do pó,
ouço pedirem-me que escolha;
e deixe para trás a inquietação,
a dor,
um peso de não sei que ansiedade.
.
Mas levo comigo tudo
o que recuso. Sinto
colar-se-me às costas
um resto de noite;
e não sei voltar-me
para a frente, onde
amanhece.
.
.
Nuno Júdice, "Confissão", in Meditação sobre Ruínas.
.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Face

.
Santa-Rita, Cabeça, 1910. Óleo s/ tela, 65,3 x 46,5cm.
.
.
...
Ossos músculos nervos veias
tudo o que está no corpo e mundo é
a pintura contém e depõe na tela e
se acaso aí o pintor deixou reservas
nesse sem nada o avesso do mundo se
recolhe e mostra a face.
.
.
Júlio Pomar, "Olhar e sentir", in TRATAdoDITOeFEITO.
.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Jardinando

.
John Anderson, Gardening spaces, 2003.
Acrylic on canvas, 79" x 85".
.
.
Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.
.
Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
...
.
.
António Ramos Rosa, "O Jardim ", in Volante Verde.
.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Reconstrução do mundo

.
Anne Bachelier, Seated on the edge of the world, 2006.
Oil on canvas, 45" x 35".
.
.
...
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
.
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
.
.
Sophia de Mello Breyner Andresen, "A forma justa", in O Nome das Coisas.
.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Una generación latinoamericana

.
.
Los autores argentinos de esta antología nacieron entre mediados de los setenta y principios de los ochenta, entre dos mundiales, la catástrofe económica y la peor de las dictaduras, en un país que de tanto contarse se hace ficticio y que de tanta aceleración se percibe extraño incluso para sí mismo; aunque sepa que la neurastenia no depende de los nacionalismos. Con obras publicadas en varias editoriales, con traducciones a diversas lenguas, con importantísimos premios por el mundo, con una trayectoria afirmada y en perpetua evolución, estos narradores son una inmejorable oportunidad para conocer qué es lo que escribe y qué le incomoda a toda una generación latinoamericana.
.
.
VV.AA. (2009). Hablar de mi. Madrid: Lengua de trapo.
.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

El exotismo colonial de África

.
.
El tiempo entre costuras es una aventu­ra apasionante en la que los talleres de alta costura, el glamur de los grandes hoteles, las conspiraciones políticas y las oscuras misiones de los servicios secre­tos se funden con la lealtad hacia aque­llos a quienes queremos y con el poder irrefrenable del amor. Una novela femenina que tiene todos los ingredientes del género: el crecimiento personal de una mujer, una historia de amor que recuerda a Casablanca… Nos acerca a la época colonial espa­ñola. Varios críticos literarios han destacado el hecho de que mientras en Francia o en Gran Bretaña existía una gran tradición de literatura colo­nial (Malraux, Foster, Kippling...), en España apenas se ha sacado prove­cho de la aventura africana. Un homenaje a los hombres y mujeres que vivieron allí.
.
.
Maria Dueñas (2009). El tiempo entre costuras. Madrid: Temas de Hoy.
.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ejemplo inspirador

.
.
En 1985, cuando Nelson Mandela llevaba veintitrés años en prisión, se propuso conquistar a sus enemigos, los más fervientes defensores del apartheid. Así obtuvo su libertad y consiguió convertirse en presidente. Pero la inestabilidad de un país dividido por cincuenta años de odio racial cristalizó en la amenaza de una guerra civil. Mandela comprendió que tenía que conseguir la unión de blancos y negros de forma espontánea y emocional, y vio con claridad que el deporte era una estrategia extraordinaria para lograrlo. John Carlin ha descubierto el factor humano que hizo posible un milagro: la capacidad innata de Mandela para seducir al oponente y su tenaz deliberación de utilizar el mundial de rugby de 1995 para sellar la paz y cambiar el curso de la Historia. La final de aquel mundial culminó con la victoria sudafricana en el último minuto, y fundió en un abrazo a negros y blancos en el ejemplo más inspirador que ha visto la humanidad.
.
.
John Carlin (2009). El factor humano [...] NELSON MANDELA y el partido que salvo a una nación. Barcelona: Seix Barral.
.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Tolerância

.
.
«A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos.»
.
.
[Autor: Gandhi]
.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

¿Tu quieres ser espectador o protagonista?

.
.
A veces, una frase o una pregunta lanzada en el momento oportuno te despierta como un cubo de agua fría en la cara y te hace tomar decisiones que pueden dar un giro a tu vida. Y es que los próximos 30 años van a ser protagonistas de los mayores cambios, revoluciones y avances que se hayan producido nunca. Culturales, sociales, tecnológicos, económicos y políticos. 30 años fascinantes que van a cambiar el rumbo de la humanidad. Éste es el objetivo del libro: a través de inspiradores testimonios, ideas, ejemplos y hasta canciones o películas, ayudar al lector a cambiar el rumbo de su vida profesional y convertirle en protagonista de su futuro. Se trata de un libro inspirador que da pautas para que el lector saque lo mejor de sí mismo... un golpe directo hacia nuestro conformismo y apatía.
.
.
Alvaro Gonzalez Alorda (2009). Los proximos 30 años: ¿Tu que quieres ser: espectador o protagonista? Madrid: Alienta.
.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Escuta

.
José Stuart Carvalhais, Jazz, 1925. Guache s/ cartão, 66 x 80cm.
.
.
Eu peneiro o espírito e crivo o ritmo
Do sangue no amor, o movimento para fora
O desabrigo completo. Peneiro os múltiplos
Sentidos da palavra que sopra a sua voz
Nos pulsos. Crivo a pulsação do canto
E encontro
O silêncio inigualável de quem escuta
...
.
.
Daniel Faria, "Eu peneiro o espírito e crivo o ritmo ", in Dos Líquidos.
.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sonho

.
Jonathan Foerster, Well... at least we dream, 2009. Digital Art.
.
.
...
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante
...
.
.
António Gedeão, "Pedra filosofal", in Movimento Perpétuo.
.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Eu

.
Kazuhiko Nakamura, Spiral. Digital Art.
.
.
Até agora eu não me conhecia,
julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.
.
Mas que eu não era Eu não o sabia
mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!
...
.
.
Florbela Espanca, "Eu", in Charneca em Flor.
.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010