quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal, e não Dezembro

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Entremos, apressados, friorentos,
Numa gruta, no bojo de um navio,
Num presépio, num prédio, num presídio,
No prédio que amanhã for demolido...
Entremos, inseguros, mas entremos.
Entremos, e depressa, em qualquer sítio,
Porque esta noite chama-se Dezembro,
Porque sofremos, porque temos frio.

Entremos, despojados, mas entremos.
De mãos dadas talvez o fogo nasça,
Talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.
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David Mourão-Ferreira, "Natal, e não Dezembro", in Cancioneiro do Natal.
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2 comentários:

R. disse...

Coincidententemente havia publicado este mesmo poema no meu blogue. "Entremos, dois a dois: somos duzentos,duzentos mil, doze milhões de nada." Assim se confirma a importância de sermos múltiplos. Votos de um permanente Natal :)

guidinha disse...

Para R:

Igualmente :))