sábado, 27 de fevereiro de 2010

Nas mãos dos ventos

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Sarah Afonso, A Sereia, 1939. Óleo s/ tela, 103 x 86cm.
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No mar, no mar, no mar, no mar,
Eh! pôr no mar, ao vento, às vagas,
A minha vida!
Salgar de espuma arremessada pelos ventos
Meu paladar das grandes viagens.
Fustigar de água chicoteante as carnes da minha aventura,
Repassar de frios oceânicos os ossos da minha existência,
Flagelar, cortar, engelhar de ventos, de espumas, de sóis,
Meu ser ciclônico e atlântico,
Meus nervos postos como enxárcias,
Lira nas mãos dos ventos!
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Álvaro de Campos, "Ode Marítima", in Poemas.
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