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Oil on canvas, 45" x 35".
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Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
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Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
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Sophia de Mello Breyner Andresen, "A forma justa", in O Nome das Coisas.
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4 comentários:
Acho a poesia da Sophia de Mello Breyner "perfeita", mas inclino-me a discordar deste ponto de vista. No universo o equilíbrio parece residir na alternância entre caos e "perfeição". E isso, sim, exige um recomeço contínuo. Nesse particular, acredito que a poetisa estivesse em sintonia com o universo.
R.:
Citei este poema por dois motivos. Primeiro, pelo facto de realçar o papel de cada indivíduo na construção de uma "cidade humana" ou, se quisermos, de "sociedades mais humanas". A autora dá a entender esse esforço pessoal ao referir-se ao "ofício do poeta". Em segundo lugar, surge na sequência das propostas de leitura em "posts" anteriores sobre reflexões diversas acerca de sociedades bem distintas.
Na realidade pareceu-me mais relevante a referênia à intervenção do Homem - cada um no seu ofício, na construção das sociedades, do que a questões de leis da física.
É uma leitura... como tantas outras... daí o encanto da escrita.
Claro que sim. As leis da física são uma mera metáfora. E também me parece bem evidente a ideia do esforço e contributo individuais para a construção da sociedade. Discordo, apenas, da crença (utópica) numa sociedade "fiel à perfeição do universo". Mas acredito que nunca devemos desistir do esforço de nos aproximarmos desse ideal.
E, já agora, votos de uma boa continuação! :)
Na poesia todas as "imagens" são passíveis de coerência.
Obrigada pelos comentários :)
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