domingo, 28 de fevereiro de 2010

Paisagem urbana

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José Júlio, Paisagem, 1958. Óleo s/ tela.
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Entre os edifícios a acácia
de antigamente ainda ousa
trazer ao cimo a folhagem
sua dor de apertada coisa.
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Um solo de saxofone excresce
mensagem que a morte adia
aflito pássaro que enrouquece
a garganta da telefonia.
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Em cada bolso do cimento
uma lenta aranha de gás
manipula o dividendo
de um suicídio lilás.
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Natália Correia, "Cidadania", in O Vinho e a Lira.
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3 comentários:

R. disse...

O azul deste quadro é extraordinariamente belo. Lembra um outro lado da paisagem urbana: aquele que é feito de harmonia, suavidade e perplexa paz. Pode ser mais raro, mas também existe.

guidinha disse...

Realmente estes "azuis" não são agressivos, embora representem uma certa uniformidade da paisagem - a repetição em detrimento da individualidade.

R. disse...

É mesmo extraordinário manancial de impactos e interpretações que uma mesma obra suscita. Em vez de repetição, eu vejo "nuances". Diversidade, portanto. Mas consigo perceber muito bem a perspectiva de uniformidade. E assim se constroem múltiplos e enriquecedores pontos de vista.