sábado, 23 de janeiro de 2010

Procuro-te

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Mário Eloy, Fuga, 1939. Óleo s/ tela, 100 x 80cm.
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Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.
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Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.
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Eugénio de Andrade, "Procuro-te", in As Palavras Interditas.
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4 comentários:

R. disse...

O Eugénio de Andrade tinha um nome que eloquentemente o caracterizava: Eu Génio. Este poema lembra-me sempre os maravilhosos versos de um outro poema de génio, mas de nome Cesariny: "Em todas as ruas te encontro / Em todas as ruas te perco /(...)sonhei tanto a tua figura / que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura"...

guidinha disse...

... "génios"? Ou pessoas de sensibilidade invulgar que escreveram aquilo que nós gostaríamos de ter escrito simplesmente pelo facto de nos (re)vermos nas suas palavras?

R. disse...

E não poderá isso ser uma forma de genialidade?

guidinha disse...

Talvez...