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Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.
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Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.
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Eugénio de Andrade, "Procuro-te", in As Palavras Interditas.
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4 comentários:
O Eugénio de Andrade tinha um nome que eloquentemente o caracterizava: Eu Génio. Este poema lembra-me sempre os maravilhosos versos de um outro poema de génio, mas de nome Cesariny: "Em todas as ruas te encontro / Em todas as ruas te perco /(...)sonhei tanto a tua figura / que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura"...
... "génios"? Ou pessoas de sensibilidade invulgar que escreveram aquilo que nós gostaríamos de ter escrito simplesmente pelo facto de nos (re)vermos nas suas palavras?
E não poderá isso ser uma forma de genialidade?
Talvez...
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