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- Tenho saudades da minha casa, lá na Itália.
- Também eu gostava de ter um lugarzinho meu, onde pudesse chegar e me aconchegar.
- Não tem, Ana?
- Não tenho? Não temos, todas nós, as mulheres.
- Como não?
- Vocês homens, vêm para casa. Nós somos a casa.
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- Tenho saudades da minha casa, lá na Itália.
- Também eu gostava de ter um lugarzinho meu, onde pudesse chegar e me aconchegar.
- Não tem, Ana?
- Não tenho? Não temos, todas nós, as mulheres.
- Como não?
- Vocês homens, vêm para casa. Nós somos a casa.
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[Extracto de um diálogo entre o italiano e Deusqueira, in Mia Couto (2008 - 5ª ed.). O último voo do flamingo. Lisboa: Editorial Caminho.]
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3 comentários:
Como eu gosto do Mia Couto... A profusão e infinitude da sua eloquência não param de me surpreender.
R.:
A genialidade de Mia Couto está associada à capacidade de transmitir vivências, e de nos surpreender com aquilo que gostaríamos de ter escrito... e onde nos revemos como seres completos. Mia Couto tem essa virtude.
Estou absolutamente de acordo. Acrescentaria a virtude da forma. A criatividade do seu léxico não tem rival.
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