A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o vôo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem, é idimensões? Assim, embarco nesse gozo de ver como a escrita e o mundo mutuamente se desobedecem.
Mia Couto, Perguntas à língua portuguesa. Disponível em: http://pintopc.home.cern.ch/pintopc/www/Africa/Couto_Mia/brincar_pt.htm
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